Já são 5:36 da manhã, ainda não dormi, porque quis maratonar uma série da Netflix, e percebi que vivo a verdadeira definição de solidão, embora eu não me sinta sozinha, pelo menos na maior parte do tempo. E eu até sinto falta de um tempo só para mim. E percebi que estou dividindo minha vida em algumas partes. A parte que eu era jovem e cheia de sonhos. A parte que sou obrigada a amadurecer e assumir responsabilidades. A parte em que descubro que nem sempre posso esperar algo das pessoas. A parte em que me fortaleço depois de tantas decepções, e me salvo sozinha. E tantas outras partes que ainda estou para descobrir e viver.
A vida é um jogo. Ou você perde, ou ganha. Mas, acima de tudo precisa viver e preencher a página em branco com uma história nova. E sobretudo, ela é feita de escolhas.
Fiz muitas escolhas ruins na vida. Algumas, eu me arrependo, outras nem tanto, porque me ensinaram muito. Todas as escolhas que fiz me fizeram ser o que sou hoje, uma pessoa mais decidida e ciente dos próprios atos, mas ainda me sinto perdida e estou sempre afastando as pessoas, porque acredito que, se for para sair da minha vida um dia é melhor nem entrar. É com esse pensamento que tenho me mantido reclusa em meu próprio casulo e assistindo Netflix, porque nos filmes as coisas são mais fáceis, e você faz de conta que aquilo preenche o vazio que, por vezes, assola os dias solitários.
Porém, a vida também é preciosa, porque é uma chance única de fazer e ser o melhor que pode. Aprendi que felicidade é o estado de suficiente, onde você se sente inteira e completa. Não por ter e ser tudo o que quer, mas sentir que tudo o que tem agora é o suficiente.
O meu estado de suficiente ainda não veio, mas sinto que estou perto disso. Porque eu ainda quero me sentar em uma daquelas cadeiras de madeira com uma mesinha desgastada, numa casinha bem simples com vista para o mar, e o computador para escrever. Eu ainda quero poder andar descalça na areia sem medo de cair com as ondas, e ver as minhas pegadas sendo deixadas para trás. Ainda quero ser suficiente para mim mesma, e para alguém que esteja disposto a ficar, sem queixas, sem querer me mudar, sem cobranças ou amarras do passado. Que venha despido, de corpo e alma, disposto a vestir o futuro que eu posso e quero oferecer. Se essa pessoa não chegar nessa vida, ainda quero esse estado suficiente, comigo mesma e com as pessoas que eu amo ao meu redor. É simples.
Ellen Roza
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