Não é asma. É solidão.


 Estou o mês de janeiro todo tentando não me desanimar, nem deixar nada me abalar, mas parece que, por mais esforço que eu faça, muitas vezes não dá certo. Já fazem três dias que estou completamente isolada. O isolamento está diferente, porque é por escolha de terceiros, e minha também.
O que acontece? Eu sou uma pessoa dificil de conviver, porque tem coisas que não tolero, que não consigo relevar. Passei a vida toda sendo saco de pancadas das pessoas, sendo humilhada de diversas formas, até o dia em que decidi morar sozinha pela primeira vez e sentir a paz, depois de tanto tempo. Aí me perguntam: Não é solitário morar sozinha? Eu vou responder que é uma solidão onde você não sente, não sofre, porque é uma escolha sua. Você decidiu morar só. Para mim, foi paz, calmaria. Foi me encontrar comigo mesma, e na época, eu estava precisando disso, porque aquelas ideias horríveis de uma pessoa que está com um pé na depressão e outro na luta para sobreviver já estava me assombrando. Então eu diria, hoje, que para me salvar, eu precisava ficar sozinha, porque o mundo em que eu me encontrava estava me machucando. 
Uma vez, alguém me disse que é muito melhor viver na solidão do que num mar de pessoas que não se importam com você de verdade. E eu tomo isso com a minha experiência. 
Ando refletindo nesses três dias, com todos me igorando, o que não é novidade. As pessoas me procuram quando querem algo, quando precisam de alguma coisa, quando estão com fome, quando isso e aquilo, mas nunca para saber se eu estou precisando de algo, se estou com fome. Tenho a cada dia mais certeza de que, se eu morrer, não farei tanta falta para muita gente. Por um lado, isso é bom, porque eu partiria em paz sem maiores preocupações. Por outro lado é triste, porque isso mostra que não sou tão importante para as pessoas como eu as considero. Um exemplo disso é, que eu me lembro da data de aniversário de muita gente, e até um tempo atrás, eu as parabenizava. Percebi que os meus aniversários são esquecidos, ou igorados. Passei a fazer o mesmo, para não me sentir mais como uma idiota. 
Ando tão cansada de viver, que até para respirar está difícil. Respiro com esforço e sem vontade. Não é asma, embora meu berotec esteja no fim, quase acabando, e eu sem um puto no bolso porque estourei o limite do cartão para pagar contas e outras coisas, para os outros. E eu pergunto: quem estouraria o limite do cartão por mim? Ninguém, porque só eu sou idiota assim... 
Estou começando a acordar, mas também estou ficando cruel, porque estou ferida demais para ser carinhosa com alguém agora. 

Sabe o que eu queria agora? Estar sentada na areia de frente para a praia, ficar assim um tempão, e esquecer que essa realidade em que vivo existe. 


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