E aqui estou eu, sentada em frente à janela, vendo o tempo fechado lá fora e ignorando toda a bagunça que se perdurará pela semana inteira. Estou em processo de mudança para outra cidade, para ficar mais perto da minha irmã. Não sei se contei aqui, mas sofri um acidente em casa e acabei machucando minha perna. Anteriormente, a médica disse que tive uma fratura, um pequeno trinco no fêmur e no quadril. Fiquei de repouso por um mês e fui ao segundo retorno nessa última sexta-feira, e o médico, disse que não viu fraturas onde a médica disse que tinha, e pediu mais exames detalhados para ver como realmente estou, em vista que eu ainda sinto dores na perna e no quadril. No entanto, vou continuar o tratamento na cidade para onde me mudarei no próximo sábado.
E a ansiedade está como? Medo? Claro que sinto! Porque, por mais que eu esteja perto da minha irmã, eu ainda vou me sentir perdida no começo, e estou mais preocupada é com a minha filha, com a adaptação dela, já que ela sempre morou no mesmo lugar desde que nasceu. Para ela ainda está sendo complicado aceitar essa mudança, deixando todos os amigos de muitos anos para trás. Todos os planos que ela construiu aqui, tudo o que ela viveu. Então, sei que para ela está sendo muito mais difícil lidar com tudo o que está acontecendo agora. Prometi a ela que, se não der certo, a gente volta para o mesmo lugar (em outra casa, evidente).
Não posso assegurar que tudo vai ser um mar de rosas de agora em diante, mas vou ter paz, privcidade, recuperar a autoestima, a liberdade, e de quebra, cuidar da minha saúde física e mental. E isso, não tem dinheiro que pague, e eu esperei muito tempo por essa mudança.
E a gente sabe, mudanças sempre nos fazem refletir. O que estamos deixando para trás? Separar objetos que não usa mais faz com que a gente abra mão de muitas coisas para caber na nossa nova realidade. Encontrar coisas que nem se lembrava que existia nos faz perguntar: o que eu estava vivendo, afinal, para esquecer isto aqui? Foi o que pensei quando encontrei objetos que já foram tão estimados por mim um dia e acabaram esquecidos em algum canto da casa.
Encontrei coisas da minha filha, de quando ela era criança, com uns oito, nove anos. Me deu saudade de tudo de repente, um medo enorme de estar perdendo alguma coisa com essa mudança. Perdendo lembrança, momentos, sorrisos e abraços. Perdendo o que já tive e vivi aqui nessa casa. Dá aquele frio na barriga e você se pergunta: Estou fazendo a coisa certa? Essa mudança é uma boa decisão? Sei que ela é necessária, há muito tempo. Mas é o momento e do jeito certo? Preciso mesmo ir para outra cidade? Tudo isso me deixou triste por um instante, e com medo. Muito medo.
Todavia, é preciso lidar com todas as mudanças necessárias. O medo é bom, porque você sente que está realmente acontecendo, e não estamos perdendo nada. O que eu supostamente estaria perdendo, recuperarei em dobro depois. Porque a minha paz tem pressa. Passei tempo demais desejando o que achava ser impossível, me fazendo desistir de mim mesma, dos meus sonhos, sem perspectiva de vida. Agora, virão coisas boas, porque sei que Deus não permitira minha mudança se não estiver guardando algo melhor para mim lá na frente.
Sinto que minha vó me ajudou um pouco em tudo, já que sempre converso com ela, todas as noites, todos os dias, e nunca deixo de pensar nela. Sempre a considerei como minha mentora, minha guia, meu céu e universo. O que sou hoje, como mulher e mãe, eu devo a ela, sempre.
Quero continuar sendo uma mãe presente para minha filha e poder dar a ela o que não tive. E espero que consiga dar tudo o que ela merece.
E vamos de mudanças!
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