Status: Disponível
Paciência: Zero!
Por Ellen Roza.
Ah, os relacionamentos modernos! Se os nossos avós vissem como as coisas mudaram, provavelmente diriam que estamos vivendo um episódio de "Black Mirror". Já pensou que hoje a gente tem mais aplicativos de namoro do que tipos de café no Starbucks? E olha que nem chegamos na parte dos nomes dos filhos...
Vamos combinar: estamos vivendo um período onde amar é quase um ato revolucionário, ou pelo menos digno de uma boa conexão de internet. A quantidade de "matches" que fazemos online não se compara à quantidade de conversas significativas que temos na vida real. A ironia é que temos todas as ferramentas para nos aproximar, mas às vezes parece que estamos mais distantes do que nunca.
O primeiro encontro, então, virou quase um evento olímpico: exige preparação, estratégia e nervos de aço. Você passa mais tempo escolhendo a foto perfeita para o perfil do que se preparando para a entrevista de emprego dos seus sonhos. E quando finalmente chega a hora do encontro, o terror! Será que ele vai parecer tanto com a foto quanto o cardápio do restaurante parece com os pratos? Spoiler: não vai.
E aí, vem a comunicação. Porque conversar hoje em dia é um jogo de decifração de emojis e mensagens subliminares. Você manda um "oi" e, se não vem acompanhado de um emoji sorridente, já era. Pronto, a pessoa acha que você está bravo. E aquela história de que "quem vê cara, não vê coração"? Em tempos de redes sociais, é mais "quem vê perfil, não vê bug interno".
Ah, e os termos novos? Se antes o problema era saber se estávamos namorando ou ficando, agora temos que lidar com "ghosting", "benching", "breadcrumbing". Parece mais um manual de instruções de um eletrodoméstico do que um guia de relacionamentos. Você tem que fazer um verdadeiro curso para entender o que a outra pessoa quer dizer com "não estou pronto para algo sério, mas gosto da nossa vibe".
E a parte da privacidade? Pode esquecer! Hoje, se a pessoa não posta uma foto do casal a cada semana, começa a surgir a dúvida: "Será que ela está me escondendo?". No fundo, estamos todos virando agentes secretos, tentando descobrir se estamos sendo traídos por um comentário em uma foto ou um novo seguidor suspeito.
Mas, no meio desse caos tecnológico, ainda existe espaço para o romantismo. Não o romantismo de serenatas e cartas de amor, mas aquele de mandar um meme engraçado para o outro rir no meio do dia, ou de assistir uma série juntos pelo Zoom. Porque no fim, o que conta mesmo é a conexão — não a do Wi-Fi, mas a do coração.
Talvez seja hora de repensar os relacionamentos, não como uma sequência de likes e matches, mas como uma experiência humana, imperfeita e cheia de altos e baixos. E quem sabe, só quem sabe, aprender a rir mais das nossas próprias trapalhadas digitais e a valorizar os momentos offline. Afinal, no amor, não há atualização que substitua o contato humano.
Se minha amada e estimada avó ainda estivesse viva, ela diria: Tempos estranhos!
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