Há muito tempo eu não sabia o que era dormir no sofá. Tive o privilégio de dormir essa noite, não propositalmente. Resolvi assistir um filme, e acabei dormindo. Nem sei como o filme acabou. "Pedido Irlandês", da Netflix, que me perdoe, mas não me prendeu apesar da atuação sempre belíssima da Lindsey Lohan, que já fui muito fã. Talvez eu assista novamente mais tarde para ver como acaba, né.
Acordei no meio da noite e vi minha filha dormindo na cama. Então fui até ela, a cobri e fechei a janela, dando um beijo de boa noite na testa dela, como sempre faço quando acordo no meio da noite, desde que ela nasceu. Mãe é sempre mãe.
Ao voltar para o sofá resolvi ver o documentário que estreou, sobre casos inexplicáveis, e pá, cochilei na maioria dos episódios. Quando dei por mim, era hora de acordar a dorminhoca e ver o dia nascer. E foi belíssimo, porque minha vista da sacada dava para a mata densa, e vi os raios solares pousando tranquilamente sobre as árvores. É algo que te deixa muito pensativo, sabe. Durante a madrugada, vendo o documentário na parte em que fala de ovnis, fiquei olhando para o céu com algumas estrelas aparecendo e me senti um pouco estranha, me perguntando: estamos sozinhos nesse universo?
Creio que para muitos a resposta pode ser enfática: Não estamos sozinhos. Se Deus é tão grande e poderoso, criando esse mundo aqui em 7 dias como diz a bíblia, pode muito bem ter criado outros, por alguma razão que ainda não sabemos.
Mas o sentimento de solidão é relativo, e sabemos bem disso. Podemos estar em mar de pessoas e nos sentir sozinhos. OU podemos estar em nossa plenitude, sozinhos e não nos sentir abandonados. Acredito que alguns sentimentos são escolhas nossas. Podemos escolher nos sentir acompanhados pelas pessoas, mesmos que não gostemos delas, mas aceitando-as como companhia e torná-la agradável, à nossa maneira.
Antes, eu tinha uma tremenda dificuldade em estar na companhia de quem eu não tinha nenhum sentimento de afeição, ou aquelas pessoas de que alguma forma me fizeram alguma coisa errada. Eu as repelia, afastava-as o máximo que podia, porque não conseguia fingir - e nem achava correto fazê-lo - que gostava delas e as queria por perto. Confesso que ainda tenho um pouco dessa dificuldade, mas aprendi a tolerar, ao menos a maioria delas. Não finjo afeição, nada disso. Apenas respeito a simples existência da pessoa, assim como muitas fazem o mesmo comigo, respeitam a minha existência, porque sei que não é fácil me tolerar ou gostar de mim. Eu mudei muito ao longo dos anos, parei de querer agradar todo mundo. Parei de tolerar absurdos que antes eu via e ficava quieta, absorvendo e me machucando. Parei de fazer questão de gostarem de mim. Algumas coisas não valem o esforço.
E quando você para de fazer questão, de agradar, de querer ser visto como alguém agradável, uma boa companhia, você se liberta. Querer agradar o tempo todo te consome, te repreende, te enjaula de uma maneira dolorosa, porque muitas vezes não adianta, as pessoas vão continuar te machucando da mesma maneira.
Acho que tentei me encaixar na vidas das pessoas como quem tenta calçar um sapato apertado. Não tinha espaço para mim, nem para meus pés. É assim que somos, como pés tentando encaixar em sapatos apertados da vida. Aos poucos a gente aprende a calçar os nossos sapatos de acordo com a nossa capacidade emocional.
Hoje é quarta, três de abril, ano de 2024, e ainda precisamos evoluir. Todos nós. Precisamos descobrir o nosso lugar no mundo e fazer dele o mais agradável possível. Não para os outros, para nós mesmos. Porque somos nós que vamos lutar pela nossa sobrevivência nessa selva que chamamos de vida.
Bom dia!
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