Geração Z nos relacionamentos de hoje.

Conhecer alguém é um ritual universal e misterioso. Homens e mulheres, por mais que compartilhem a mesma espécie, parecem ter estratégias de abordagem dignas de espécies diferentes. Como se fossem personagens de um documentário da vida selvagem, observamos os movimentos cautelosos e, muitas vezes, desajeitados de ambos os lados.

Primeiro, temos o homem, o grande aventureiro do WhatsApp. Ele estuda minuciosamente cada "visto por último", cada "digitando...", e cada meme engraçado que pode usar para quebrar o gelo. Afinal, escolher o meme certo é uma ciência. Tem que ser engraçado, mas não bobo; inteligente, mas não pretensioso. E que Deus o ajude se o meme já tiver sido visto por ela – é o equivalente digital de contar uma piada velha.

Do outro lado, a mulher, a estrategista suprema. Ela analisa o perfil dele nas redes sociais como um agente da CIA em missão. Aquela foto de 2015 com um corte de cabelo duvidoso? Anotado. A camiseta que ele usava na última viagem à praia? Veredicto pendente. Afinal, quem sabe o que uma camisa com estampa de abacaxis diz sobre a personalidade de alguém?

Chega o grande momento: o primeiro encontro. O homem se vê diante do guarda-roupa como se fosse uma questão de vida ou morte. Camisa social ou camiseta descolada? E o sapato? Ah, o sapato. Ele é o jurado, o júri e o carrasco de si mesmo. "Será que ela vai reparar que eu estou com esses sapatos que comprei na promoção? Será que ela repara em sapatos?" Ele nunca saberá, mas a dúvida o perseguirá.

Enquanto isso, a mulher está lidando com um dilema capilar que desafia as leis da física. Cabelo liso ou cacheado? Solto ou preso? E a maquiagem? Tem que ser suficiente para impressionar, mas não tão óbvia a ponto de parecer que ela passou três horas no espelho (o que, na verdade, é a mais pura verdade). E aquele vestido? Será que ele vai perceber o quanto é difícil achar algo que seja ao mesmo tempo elegante e confortável? Spoiler: não, ele não vai.

Finalmente, o encontro. Eles se encontram e trocam sorrisos nervosos. A conversa inicial é sempre um campo minado. Ele tenta fazer uma piada, que poderia ser brilhante ou desastrosa, e ela ri – mas será que é de verdade? Ela menciona um livro que está lendo e ele, com sorte, já ouviu falar. A comida chega e ambos tentam comer de maneira civilizada, mas a física dos talheres parece conspirar contra eles. Sempre há aquele momento embaraçoso quando um garfo se recusa a cooperar, e uma folha de alface decide viver sua última aventura fora do prato.

Entre risos nervosos e piadas mal-entendidas, algo mágico acontece. Eles descobrem que, apesar das diferenças, ambos estão tentando entender e ser entendidos. No final das contas, não importa se ele usou aquele meme velho ou se ela passou três horas decidindo o que vestir. O que importa é que, por um breve momento, dois universos diferentes se encontram, e algo genuíno pode surgir.

E é aí que reside a beleza desse teatro cotidiano: nas pequenas imperfeições, nas risadas compartilhadas, e na alegria de descobrir que, apesar de todas as inseguranças e mal-entendidos, a conexão humana é algo incrivelmente simples e maravilhosamente complexo ao mesmo tempo.


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